Instituto Samambaia de Ciências Ambientais e Ecoturismo

AS RAÍZES DE PETRÓPOLIS Por Maria Luíza Salgado

O estudo da viação ligando o Rio de Janeiro às regiões das minas, a partir do século XVI, tem sido objeto de muitos estudos e grandes historiadores ainda não chegaram a conclusões definitivas sobre o assunto. Entretanto, é certo que, em 1704, Garcia Rodrigues Paes abriu um caminho, também conhecido como Caminho do Couto ou Caminho Novo das Minas, assim demarcado: partindo-se do Rio de Janeiro, por via marítima, chegava-se ao Porto do Pilar, ao fundo da Baia da Guanabara, subia-se a Serra do Couto até as Roças de Marcos da Costa, seguindo até Alferes, dali à Pau Grande, depois Cavarú, Encruzilhada, Paraíba do Sul, Paraibuna, Juiz de Fora, Barbacena, Queluz, Venda Nova e enfim, Vila Rica (Ouro Preto). Era um caminho muito acidentado, no qual se gastava cerca de 25 a 30 dias de ponto a ponto, oscilando o tempo despendido conforme as condições climáticas. Garcia Rodrigues Paes recebeu como recompensa pelo seu hercúleo esforço e pesados encargos por ele assumidos, quatro quadras de sesmaria e a concessão do pedágio sobre a Passagem do Rio Paraibuna.

Vinte anos depois, o governador Aires Saldanha e Albuquerque reconhece ser uma necessidade a abertura de uma variante no Caminho Novo, com a finalidade de encurtar e dar melhores condições àquele trajeto. O Sargento-Mor Bernardo Soares de Proença propõe e é aceito o projeto de se abrir uma atalho, partindo do Rio, alcançando por mar o Porto da Estrela, Vila do Inhomirim, subindo a Serra da Estrela até seu alto e de lá, através de uma trilha que passava entre a Serra do Frade e a da Taucaya Grande, atravessava o Córrego Seco, passava pelo Itamarati e acompanhava a direção seguida pelas águas do Rio Piabanha, atingia Paraíba do Sul. Dali para frente, seguiam o mesmo trajeto do Caminho Novo de Garcia Rodrigues Paes. Essa variante diminuía o tempo da viagem em cerca de cinco dias e oferecia melhores condições, pois o terreno era menos acidentado. Proença recebe, pelo importante serviço prestado a El Rey, uma parte de terras correspondente ao que seria hoje o Primeiro Distrito de Petrópolis, que deu o nome de Fazenda do Itamarati, cuja sesmaria foi reconhecida em 9 de outubro de 1721. Nesse mesmo dia, foi confirmada a posse do capitão Luiz Peixoto da Silva, seu provável auxiliar na empreitada, e suas terras seriam onde hoje se encontra a Fazenda da Samambaia, limítrofe às terras de Proença.

A afirmação segundo a qual o povoamento do novo traçado do Caminho das Minas, agora conhecido como Caminho do Inhomirim, passa a ser feito do interior para o litoral, sendo alguns de seus habitantes, pela comprovação das datas das primeiras concessões das glebas, a partir dos limites de Paraíba do Sul. Em 1723, tem reconhecidas suas sesmarias Luiz Antunes Álvares, Ambrósio Dias Raposo e Francisco Fagundes do Amaral; em 1725, Jorge Pedroso de Souza e José Borges Raymundo. Em 1735, José Ferreira da Fonte teve confirmada sua sesmaria conhecida como Roça do Secretário. Boaventura da Cruz Alvares recebeu, também nessa época, as terras que seriam mais tarde conhecidas como o município de São José do Vale do Rio Preto. Esses foram os primeiros moradores que se estabeleceram nas atuais localidades de Sebollas, Fagundes, Secretário e S. José do Vale do Rio Preto.

Em torno do eixo constituído, pelo novo caminho margeando o Rio Piabanha, foi se desenvolvendo a malha viária, constituída pelos atalhos vicinais, que unia as fazendas e criava, por sua vez, novas ramificações, dando origem às atuais estradas que interligam todo o município.

Em 1743, Francisco Moniz de Alburquerque toma posse de sua sesmaria, na qual já havia construído a casa de moradia denominada Sítio da Ponte, (atual Casa do Padre Correia), situada na confluência dos Rios Piabanha e Moro. Suas terras limitavam-se com a concessão obtida por Antonio da Silveira Goulão, pelo poente. As terras de Goulão, denominadas Fazenda Rio da Cidade, partiam da confluência do Rio da Cidade com o Rio Araras e faziam testada com o Rio Piabanha. Estes foram alguns dos mais antigos moradores da região.

Oriundo das lavras auríferas da região das minas do Goiazes, mais precisamente do Arraial de Meia-Ponte (atual Pirenópolis), tendo feito parte do grupo de seus fundadores juntamente com Bartolomeu Bueno da Silva, o português Manoel Correya da Silva veio a ser o maior proprietário de terras da região, no século XVIII, provavelmente levado pelo interesse futuro de aqui também formar um núcleo habitacional como já o fizera em Goiás.

Por volta de 1749, adquire aos herdeiros de Francisco Moniz de Alburquerque, o Sítio da Ponte, que já estava em mãos de Luiz Peixoto da Silva, o qual, por intermédio de seu procurador sargento-mor Antônio Carvalho de Lucena, assina escritura de venda para Correya.

Em 1750, Correya casa-se com Brites Maria da Assunção Goulão, filha de Manuel Antunes Goulão, seu vizinho.

Em 1752, adquire de seu sogro a Fazenda do Rio da Cidade, limítrofe à sua propriedade, e vai residir na sede desta. Transforma o antigo Sítio da Ponte, em Posse de Manuel Correya, passando esta a servir de hospedaria, armazém e estação de remonta na atividade de mercador-tropeiro, à qual passou a se dedicar ao se afastar da mineração. Percorrendo o trajeto Rio – Região das Minas, vendia a seus moradores utilidades e alimento, auferindo grandes lucros. Construiu, assim, sólida fortuna.

Compra, a seguir, A Fazenda da Arca de Noé (atual Arcas), pertencente aos herdeiros de José Fragoso, cujas terras também limitavam-se com as que pertenceram a Francisco Moniz Alburquerque.

Por último, em 1780, adquire a sesmaria de Antônio da Sylveira Gularte Engenho das Terras Frias de Nossa Senhora da Soledade (atual Fazenda de Santo Antônio), mas quem finaliza a transição é sua viúva Brites Maria Assunção Goulão, representada por seu genro Pedro Gonçalves Dias.

Correya, sem nunca ter sido sesmeiro na região e sem ter herdado nenhuma gleba, tornou-se, assim, proprietário de mais de terça parte do atual município de Petrópolis. Quando morreu, em 1784, deixou dividido seu latifúndio entre quatro de seus cinco filhos vivos.

Fazenda Engenho da Soledade (atual Fazenda de Santo Antônio) a Agostinho Correya da Sylva Goulão;

Posse de Manuel Correya (atual Fazenda do Padre Correia) ao padre Antonio Thomaz de Aquino Correya Goulão;

Fazenda Belmonte (atual Samambaia) à sua filha Maria Brigida Correya da Sylva Goulão Dias, casada com Pedro Gonçalves Dias;

Fazenda Olaria de Colares (atual Castelo de São Manoel) à sua filha Arcângela Joaquina Correya da Sylva da Cunha Barbosa, casada com José da Cunha Barbosa.

D. Brites, viúva de Manuel Correya, entrou na posse de considerável fortuna e fez grandes melhoramentos na Posse do Correya que, daquela época em diante, passou a ser conhecida como Casa do Padre Correia. Ampliou a casa, dotando-a com uma bela capela, e para lá se mudou, abandonando a sede da Fazenda do Rio da Cidade, passando a residir em companhia de seu filho padre.

Constrói para seu outro filho Agostinho Correya da Sylva Goulão, recém chegado de Coimbra, a casa do Engenho da Soledade, com sua linda capela. Edifica a nova sede da Fazenda Belmonte, também com capela ao lado, e transforma sua antiga sede em venda, estrebaria e depósito, aproveitando a boa situação que esta desfrutava à beira da Estrada dos Mineiros. Reformou a Fazenda da Arca de Noé, inicialmente para seu filho Luiz Joakim, mas, com a definitiva permanência deste em Coimbra, destinou-a então à sua filha Maria Brigida Correya Dias, casada com Pedro Gonçalves Dias. Luiz Joakim deve ter recebido sua parte da herança paterna em moeda corrente, tendo permanecido para sempre em Portugal.

Por último, divide as terras da Fazenda do Rio da Cidade entre seus filhos, o Padre Correya e Arcângela Joaquina, e levanta a sede da Fazenda Olaria de Colares, destinada a esta última, transferindo para sua respectiva capela o altar mais antigo de toda região da Serra, consagrado a Nossa Senhora do Amor de Deus, proveniente daquela propriedade que pertencera a Manuel Antunes Goulão, cuja casa foi definitivamente abandonada.

Dona Brites morreu em 1800.

Essas terras, cuja produtividade era baixa devido à composição pobre e à topografia muito acidentada, apresentavam, contudo, duas grandes vantagens: a proximidade da Capital e um clima de excepcional salubridade. Por isso, a tendência era desenvolver uma urbanização crescente.

Com o gradativo desaparecimento dos respectivos proprietários, essas terras passam a ser divididas e subdivididas entre seus herdeiros, e, nas gerações seguintes, os limites destas primitivas fazendas já estavam completamente irreconhecíveis.

Sobraram, entretanto, três marcos arquitetônicos de antigas grandezas: as sedes da Samambaia, da Santo Antônio e da Padre Correia, todas inscritas no Livro de Tombo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. As outras sedes fora demolidas.

Em 1822, D. Pedro I esteve na Serra dos Correyas, como ele designava a propriedade do Padre Correia; apreciou tanto o local que, durante os oito anos em que permaneceu no trono, ali passou os verões.

Também ali se hospedaram a Arquiduquesa D. Leopoldina, Imperatriz do Brasil, assim como seus filhos e damas de honra. A Princesa D. Paula Mariana várias vezes passou temporadas na Serra dos Correias, na esperança de obter melhoras para sua saúde bastante precária.

Com a morte de D. Leopoldina, quem passou a usufruir do bom clima e da hospitalidade da aprazível casa solarenga foi D. Domitila, a Marquesa de Santos, e sua filha Isabel Maria, a Bela, Duquesa de Goiás.

Por último, a D. Amélia de Leutchtenberg, a segunda Imperatriz do Brasil, deve-se a insistência em fazer D. Pedro I adquirir a Fazenda do Córrego Seco. A princípio, o Imperador queria comprar a Fazenda do Padre Correya ao seu herdeiro, o cônego Alberto da Cunha Barbosa, que ali residia, e em cuja companhia sua mãe D. Arcângela Joaquina passava os verões, saindo de sua chácara no Inhaúma e subindo a serra, fugindo do calor carioca. O Imperador lhe fez uma proposta, mas esta recusou, dizendo não querer passar a estranhos a propriedade. Indicou-lhes, então, a Fazenda do Córrego Seco, que se encontrava hipotecada a seu filho cônego Alberto, cujo dono era José Vieira Afonso. O Imperador acatou a sugestão e adquiriu o que viria a ser a Cidade de Petrópolis, pela quantia de vinte contos de réis, em 1830. Pouco depois, renunciou ao trono.

As terras dos descendentes de Manuel Correya entraram em decadência acelarada, depois de 1888, e se fragmentaram nos distritos que hoje ali se instalaram:

2° Distrito: Correias, Bonfim, Calembe, Nogueira, Araras, Malta;

3° Distrito: Benfica, Boa-Esperança, Serra das Araras, Itaipava, Pedra Negra, Cuiabá, Cantagalo.

Em torno desse núcleo inicial, foi se desenvolvendo a colonização do território. A partir de meados do século passado, com a abertura da Estrada União Indústria, novos centros de povoamento foram se formando, como São José do Vale do Rio Preto, hoje emancipado do município de Petrópolis.

Os últimos distritos constituídos compreendem as localidades de:

4° Distrito: Augusto Silva, Pedro do Rio, Secretário, Cachoeira, Taquaril, Vale das Videiras;

5° Distrito: Brejal, Posse, Alberto Torres, Tristão Câmara.

Região de clima privilegiado e cumulada com muitas das mais belas paisagens do estado do Rio de Janeiro, incrustada na Serra do Mar, com várias áreas cobertas pela Mata Atlântica, com suas trilhas pitorescas e seus cursos d’água serpenteando nas matas, com inúmeras cachoeiras e poços naturais, a cada dia que passa, afirma-se como pólo turístico dos mais atraentes, contrapondo-se às belezas da orla marítima, como uma opção natural.

Nunca deixou de corresponder à descrição que dela fez a Arquiduquesa D. Leopoldina, Primeira Imperatriz do Brasil, em carta enviada a sua tia, residente na Corte austríaca:

“O país é encantador, cheio de paisagens deliciosas, de montanhas muito elevadas, de campos verdejantes, de florestas das mais raras e magníficas árvores, semeada das mais belas flores, onde se veem esvoaçantes pássaros, incomparáveis devido à sua plumagem...”

FAZENDA DA SAMAMBAIA
(ANTIGA BELMONTE) - DESDE 1723

Ao passearmos pela região de Itaipava, cheia de condomínios, shoppings, pousadas e restaurantes, é difícil imaginar que, um dia, há 300 anos, esses eram caminhos ásperos e percorridos por homens com espírito desbravador. Para lembrarmos esses tempos e nos situarmos na história, vamos voltar ao ano de 1723, um século antes de D.Pedro II fundar Petrópolis.

As primeiras minas de ouro tinham sido descobertas e a lavoura açucareira estava em plena crise. Homens que vinham do Nordeste decadente, das cidades, vilas e sertões, de Portugal e outras nações europeias, ávidos pela nova riqueza, iniciavam uma “corrida do ouro”, transformando a região das Minas Gerais no novo centro econômico do Brasil Colônia.

A principal trilha que ligava o Rio de Janeiro, porto oficial do embarque das riquezas com destino a Lisboa, a Minas, era o Caminho Novo. Ao atravessarem a Serra do Mar, os tropeiros enfrentavam escarpas íngremes e terrenos alagadiços. Demoravam, em média, 30 dias para fazer a travessia. Mais ou menos por volta de 1722, o sargento-mor Bernardo Soares de Proença descobriu uma variante do Caminho Novo, que foi imediatamente adotada, já que, além de ser menos acidentada, encurtava em quatro dias a viagem.

Esse caminho, conhecido como Caminho da Serra da Estrela ou Caminho dos Mineiros, tinha o seguinte trajeto:

Da Baía de Guanabara, subia-se em pequenos barcos pelo rio Inhomirim até o Porto da Estrela, seguindo a pé até a Raiz da Serra. Depois, chegava-se ao Alto da Serra. E a viagem continuava pela atual Rua Tereza, Quissamã, Itamarati, parte de Cascatinha, atravessava o Rio Piabanha, a Estrada do Carangola, Araras, Secretário, Fagundes, Cebolas e Santo Antônio da Encruzilhada, o bairro mais antigo de Paraíba do Sul. A partir desse ponto, seguia em direção à Serra da Mantiqueira a partir do mesmo traçado do Caminho Novo.

Como prêmio pela descoberta do caminho, Proença ganhou da Coroa Portuguesa um lote de terra, uma sesmaria - a Fazenda Itamarati. O senhor Luís Peixoto da Silva, presumível companheiro de trabalho do sargento Proença, ganhou a terra vizinha, na época chamada de Fazenda Belmonte, que depois virou Fazenda Samambaia.

Alguns anos depois, chegou à região o português Manuel Correya da Silva que, vindo de Goiás com fortuna acumulada na mineração, se encanta com a serra. Resolve então se fixar e, alimentando o sonho de construir uma cidade, compra uma sesmaria e depois outras fazendas vizinhas, inclusive a Fazenda Belmonte. Casa-se com Brites Maria da Assunção Goulão, filha única de Manuel Antunes Goulão, de quem também compra as terras, se tornando proprietário de mais de terça parte do atual município de Petrópolis. Constrói uma estação de remonta com armazém, hospedaria e ferraria, que passa a ser parada obrigatória dos tropeiros que viajavam do Rio para as Minas Gerais. Manuel Correya é o responsável pela formação do primeiro núcleo social dessa região.

Um de seus filhos, Antônio Thomaz de Aquino Correya Goulão, decide pela carreira eclesiástica e ordena-se padre em 1783. Com a morte do pai, herda as terras denominadas Posse de Manuel Correya (atual distrito de Correias), que daí em diante, passa a ser conhecida como Fazenda do Padre Correya. Dona Brites, agora viúva e dona de grande fortuna, resolve ir morar com o filho padre. Amplia a casa e constrói uma linda capela dedicada à Nossa Senhora da Assunção.

A imagem que ornamentava a capela foi trazida de Portugal e é considerada a mais antiga escultura sacra da cidade. Segundo a pesquisadora D. Maria Luiza Guimarães Salgado, descendente de Manuel Correya, essa capela e as da Fazenda Samambaia (antiga Belmonte) e Santo Antônio (antigo Engenho da Soledade), também construídas por D. Brites, foram, muito provavelmente, obras do Mestre Valentim, considerado, junto com Aleijadinho, um dos maiores artistas da época.

Dona Brites morre em 1800 e seu filho continuou a investir na fazenda, onde iniciou o plantio de frutas cultivas na Europa, como marmelo, pêra, maçã, pêssego, uva e damasco. Como oferecia sua casa para hospedagem, Padre Correya tornou-se figura muito popular naquela época. D.Pedro I, quando viajava para Ouro Preto, costumava pousar por lá e, nos verões, fugindo do calor do Rio, passava grande temporada hospedado na fazenda junto com a imperatriz D.Leopoldina.

Quando Padre Correya morreu, em 1824, quem assumiu a fazenda foi sua irmã, D.Arcângela Joaquina. D.Pedro I continuou desfrutando da hospitalidade da família Correya, inclusive criando certo embaraço quando ali se hospedou com sua amante, a Marquesa de Santos. Em 1829, já casado com D.Amélia, D.Pedro tenta comprar a fazenda, mas D.Arcângela, não querendo se desfazer das terras, recusa a proposta e oferece a Fazenda do Córrego Seco, que estava hipotecada a seu filho, o Cônego Alberto da Cunha Barbosa.

D.Pedro I realiza a compra em 1830, batiza as terras como Fazenda da Concórdia e faz planos de construir um palácio de verão. O projeto nem chegou a ser iniciado, pois o imperador renunciou ao trono um ano depois. Somente em 1843, através de um Decreto Imperial assinado por D.Pedro II, então com 18 anos, é que se dá início ao povoamento da Fazenda Córrego Seco, depois chamada de Petrópolis — a cidade de Pedro.

Sei que meu texto ficou cheio de datas - pelo menos estão em ordem - mas é que, sem elas, fica difícil organizar o assunto. Através delas posso concluir que, se D. Arcângela Joaquina não fosse uma mulher tão determinada, não teria dito “não” ao Imperador. Imagino, cá com meus botões, que esse “não” deve ter causado grande reboliço; afinal, D.Pedro só devia estar acostumado a ouvir “sim”. E se ela tivesse dito “sim”, muito provavelmente o centro desse município seria Correias. Mais ainda, se não fosse o sonho do pai de D. Arcângela, Manuel Correya, se não fosse D.Brites a lhe dar filhos, se não fosse o ouro das Minas Gerais, e se não fosse a ambição do homem...eu não teria história nenhuma para contar.